Galería de lenguajes arteterapéuticos

Esta sección está destinada a los arteterapeutas, sus obras y sus procesos creativos. En esta edición compartimos las producciones de Ljuba Bustos Lira y Angélica Shigihara de Lima.

Título: “La caja de los buenos deseos”. Autora: Ljuba Bustos Lira (Las Cruces, Chile). Técnica: mixta.

La producción está hecha en cajas de fósforos, inspirada en el lenguaje del libro de artista y poesía visual. Un espacio mínimo al cual siempre volver y abrir como si fuera una caja de sorpresas, para reencontrarnos siempre con nuestra esencia.

 

Título: “Restauro minhas pernas no colo materno”. “Restauro mis piernas en abraço maternal”. Autora: Angélica Shigihara de Lima. Artista plástica, professora e arteterapeuta. Técnica: Kintsugi em escultura de cerâmica.

 Acidentes ou circunstâncias inesperadas são quebras que nos convidam a parar, repensar estruturas que antes nos pareciam perfeitas. Circunstâncias que nos permitem um olhar diferente da vida, do que fazemos até agora, do que somos. Com cuidado e contato amoroso ao restaurar uma peça com a técnica japonesa kintsugi se promove uma mudança que ajuda a olhar esta ferida como um resgate da integridade humana, mas não como se restaura dentro do conceito clássico de restauração, com kintsugi as rachaduras da peça ficam em destaque após coladas com o brilho de materiais nobres como prata o ouro, destacando assim a beleza da mudança, como superação.

Nada mais atual para o momento que vivemos, com a pandemia mundial, onde ficamos sem poder andar, sair. Pernas quebradas. Momento que nos exige mudar e repensar o que sempre foi. Num primeiro momento um sentimento de choque, surpresa e logo se gera uma necessidade de restaurar. Primeiro: organizar. Logo, limpar, ver as partes e estudar o que aderir primeiro para logo decidir como trabalhar para assim, colar.

“Restauro minhas pernas no colo materno”, uma imagem que remite esperança por um mundo melhor.

Minha duvida era enviar ou não a imagem desta peça. Realizada anos atrás em chamotte e restaurada com a técnica de kintsugi com materiais disponíveis em casa. Tinha algo que me cativava. Sobre todo porque foi o último que fiz sobre minha mesa de arte. Amava ela inteira. Refletindo, começo a gostar mais dela assim. Carregada de simbolismo e força, e sobre tudo: compaixão.