Arteterapia: ampliando o olhar para a arte, através da análise semiótica da imagem

Para a arte, o que está na alma toma forma, se converte em uma realidade visível; pela arte, a realidade visível, até então exclusivamente física, toma um sentido humano, adquire una alma. Maravilhoso e fecundo intercambio onde nasce uma terceira realidade, que é simultaneamente o homem e o mundo, que participa de ambos e os une, levando-os ao mesmo tempo ao grau superior da existência, o da beleza (Huyche, 1986, pp. 40-41).

Resumo

A Arte e sua expressão plástica levam à subjetividade humana encontrar um canal para materializar aspectos interiorizados da personalidade. Identificando essa dinâmica, a análise semiótica demonstra a possibilidade de ampliação do olhar do terapeuta para a imagem e seus recursos subjetivos. A Arte possibilita o encontro do paciente com sua subjetividade, onde as produções expressivas são protagonistas do trabalho terapêutico, proposta da Arte como terapia: a Arteterapia.

Palavras chaves: arte, subjetividade, imagem, arteterapia e análise semiótica.


 

Origem e tema da investigação

Recentemente, defendi minha Tese de Doutorado na Faculdade de Psicologia e Psicopedagogia da Universidad del Salvador (USAL), Buenos Aires, Argentina, cujo título foiEstudio sobre el arte aplicado al ámbito psicoterapéutico: la subjetividad a través de las imágenes”.

Ao longo do processo de elaboração da mesma, várias questões e possibilidades de pesquisas foram surgindo, transformando-a num grande desafio acadêmico e temporal. Como objetivo principal, escolhi a subjetividade revelada através da imagem e como ela se manifestaria ao longo dos períodos da História da Arte.

Minha ideia original seria percorrer a linha do tempo em cada período, verificando como os artistas utilizavam, inconscientemente, as suas expressões plásticas como um relato imagético de sua subjetividade, por meio de distintas manifestações, atravessando o contexto sociocultural de cada época, na qual o mesmo encontrava-se inserido.

O tema mostrava-se apaixonante e desafiador, mas iria requerer muita dedicação e, principalmente, tempo, o que eu não tinha à minha disposição. Então, um corte temporal fez-se necessário, com a escolha de somente dois períodos distintos, marcantes do início de uma nova era na Arte: o Renascimento e a Arte Moderna.

A partir daí, foram necessárias outras duas novas escolhas: a de um artista representante para cada momento histórico e a eleição de uma obra de cada um. E, assim, consegui realizar a delimitação tão necessária.

A Historia da Arte revelou-se como um rico cenario de conteudos e expressoes do imaginario social, reflexos da subjetividade, e passiveis de serem estudados como um registro imagetico das emocoes humanas atraves de seu relato historico.

Representando o primeiro período histórico, nada melhor do que o grande artista do renascimento europeu, Miguel Ángel di Lodovico Buonarroti Simoni, gênio da escultura, da arquitetura, da pintura e ativista das profundas mudanças que o olhar da arte sofreu para o homem e para a religião através de sua habilidade artística e criatividade, sem se deixar subjugar pelos ditames do Papa Julio II.

E, na escolha do segundo movimento, optei por um período não menos importante: a Arte Moderna, com o Expressionismo, que somente encontraria força expressiva no Brasil depois de 1922, e onde, até então, os ditames de uma sociedade elitista e tradicional rejeitava esse novo movimento.

Assim, a artista brasileira, Anita Katerina Malfatti, uma das pioneiras e representantes do Movimento Modernista no Brasil no início do Século XX, foi selecionada. Ela, bem como todos os artistas desse período, pretendia fazer uma desconstrução dos arcaicos conceitos acadêmicos da arte realista.

Desta maneira, a escolha de uma obra de cada artista foi acontecendo aos poucos, na medida em que eram feitos os estudos sobre a vida e a obra de cada um. A pintura, “A Criação do Sol e da Lua”, no teto da Capela Sistina, magistralmente elaborada por Miguel Ángel Buonarroti, representante do Renascimento, foi a eleita para estudo, justamente por sua importância naquele momento histórico.

Já, com relação à obra de Anita Katerina Malfatti, “Rítmo (Torso)”, a escolha ocorreu por ser uma obra representante de um período muito importante na vida da artista, à qual ela mesma se referia como sendo de grande valor e inspiração para a sua carreira.

Assim, selecionadas as obras, o próximo passo seria a obrigação de esquadrinhar o respaldo teórico sobre a subjetividade humana com uma teoria consistente, orientando-me a percorrer caminhos que se abririam para adentrar pelo viés da Psicologia Analítica de C. G. Jung, que eu já vinha percorrendo desde que conheci a Arteteapia, há 25 anos.

Para a semiotica, o Signo e um representamen, ou seja, aquele que esta em lugar de outro, podendo ser um objeto por ele representado. No caso da obra de arte, pode ser um objeto fisico ou uma situacao imaginaria.

Então, a relação com a arte e a interpretação da imagem descortinou-se como um novo desafio a ser vencido. Procurava encontrar por algo através do viés da arte, e não da Psicologia, pois a Arteterapia não é um saber restrito somente a um grupo da Psicoterapia, mas para todas as pessoas que desejam mergulhar no mundo subjetivo das emoções humanas através da expressão artística e/ou das artes visuais.

E, naquele momento, a análise semiótica foi-me apresentada por minha Diretora de Tese brasileira, formada em Comunicação e Arteterapeuta, Doutora Mariana Alcântara, como ferramenta necessária para que eu pudesse avançar em meus estudos. Daí em diante, um enorme obstáculo descortinou-se com a pergunta: mas afinal, o que é, e como se faz, a análise semiótica da imagem?

Algumas pessoas tentaram explicar-me, e, cada vez mais, eu ficava assustada. Parecia algo impossível de se entender. Quanto mais eu lia menos entendia. Até que, em determinado momento, encontrei nas redes sociais uma estudiosa do assunto, a Professora Doutora Lucia Santaella. Após adquirir, ler e reler diversas vezes seu livro, “Semiótica Aplicada”, passei a compreender o assunto, sentindo-me capacitada para fazer a análise das obras escolhidas.

Assim, o mais gratificante foi perceber que o imenso desafio passou a ser visto por mim como um grande e valioso instrumento de análise das imagens, tornando-se um poderoso meio condutor e orientador na observação delas.

Abriu-se, portanto, uma preciosa janela de possibilidades para que o processo criativo da arte encontrasse na análise semiótica o instrumento auxiliar para a elaboração de análise das imagens. Em consequência, sob uma nova ótica, e com a abordagem da Arteterapia, acreditei que os terapeutas poderiam fazer uso dela.

Neste contexto, a análise semiótica tornou-se, a partir de um novo enfoque observacional, uma boa estratégia para priorizar aspectos específicos da obra, integrando diversos saberes sob a perspectiva da fenomenologia e da percepção, tão estudados por seu criador, Charles Sanders Pierce (1839-1914).

Nesta obra, e importante considerar que se trata de um afresco com caracteristicas e moldes pictóricos relativos ao Alto Renascimento, onde Miguel Angel Buonarroti foi seu grande mestre, e o representa magistralmente.

Após vasta pesquisa bibliográfica, pude notar que existem pontos importantes no processo de observação da imagem, que a Análise Semiótica aborda de uma forma direta, específica e detalhada, fazendo, de imediato, um convite ao terapeuta e ao paciente a adentrarem na imagem, impregnando-se por seus elementos visuais, para, então, poderem modificar suas posturas de observação inicial.

Ao sugerir aos mesmos: “abrir os poros do olhar”, termo usado por Santaella em seu livro, significaria conduzir o processo de observação e compreensão da imagem por uma via mais específica, confluindo os interesses mais superficiais despertados.

Durante todo o processo de estudos do apaixonante tema por mim escolhido, foi fundamental fazer as devidas relações entre a Arte, a Psicología Analítica e a Arteterapia, como possibilidades de união entre os conteúdos teóricos que deveriam ser debatidos durante o atendimento em Arteterapia, tornando possível estabelecer-se um espaço criativo por onde fluíssem os mais inusitados caminhos da subjetividade humana através da imagem.

A História da Arte revelou-se como um rico cenário de conteúdos e expressões do imaginário social, reflexos da subjetividade, e passiveis de serem estudados como um registro imagético das emoções humanas através de seu relato histórico.

Com a imagem, fiel portadora e autêntico reflexo da subjetividade humana, abre-se um canal de comunicação com o inconsciente: o universo subjetivo, onde coexistem as emoções. Através das palavras, este acesso fica mais difícil. Mas, por intermédio das diferentes expressões artísticas, como a arte visual, a música, a dança e o teatro, permite-se que esses conteúdos subjetivos, muitas vezes reprimidos, venham à tona, pois representam uma porta de acesso ao mundo interior das emoções.

Partindo-se dessa premissa, a tese destacou a subjetividade inerente à cada uma das obras selecionadas, em todos os seus aspectos específicos.

Neste artigo, porém, apresentar-se-á tão somente uma breve análise semiótica da obra de Miguel Ángel Buonarroti, por exiguidade de espaço e falta de tempo.

Análise semiótica da imagem, na obra de Miguel Ángel Buonarroti

Para a semiótica, o Signo é um representamen, ou seja, aquele que está em lugar de outro, podendo ser um objeto por ele representado. No caso da obra de arte, pode ser um objeto físico ou uma situação imaginária. Porém, é fundamental entender que a imagem já traz em sí conteúdos passiveis de serem interpretados, mas que necessitam de um intérprete para que a análise se realize.

Análise semiótica e os efeitos interpretativos

Seguindo por esse caminho, é primordial entender alguns conceitos semióticos, como o de interpretante, que é o efeito que o Signo pode provocar em uma mente intérprete. Esse efeito tem três níveis de realização que a obra nos apresenta, prontos para serem analisados, a saber:

1) O interpretante imediato (abstrato) – Primeiridade – os Quali-signos, ou seja, suas qualidades. São os elementos visuais básicos: suas cores, linhas, formas, ritmo, movimento, contrastes, texturas, superfície, luzes, sombras e etc.

2) O interpretante dinâmico (efeitos) – Secundidade – o Sin-signo. Ou seja, atentar para o que a imagem está comunicando, e para aos indícios e pistas dessa comunicação.

3) O interpretante final – Terceiridade – o Leg-signo. Que apresenta um apelo mais amplo, mais geral, conectando-se ao Símbolo, e que, por sua vez, está relacionado com os elementos culturais e que, por convenção, são incorporados pela pintura.

Miguel Ángel: uma semiótica da beleza e vigor

Quando se faz a análise semiótica de uma imagem, é importante ter-se em mente que se trata de uma cópia e não da obra original, como desejável. Pela simples troca do suporte original por uma fotografia, alguns Quali-signos são perdidos, tais como a textura, o gesto e a dimensão, diretamente relacionados com a escolha e a postura do artista perante a execução de sua criação, como na reprodução da obra “A Criação do Sol e da Lua”, de Miguel Ángel Buonarroti, um afresco, pintado de forma magnífica no teto da Capela Sistina. No nível do interpretante imediato, que se refere à primeira fase da experiência fenomenológica, a imagem convida o intérprete a submergir na obra através da percepção, deixando-se contagiar pelos elementos visuais dela. Segundo Santaella, ele precisará ter uma “disponibilidade contemplativa, deixar aberto os poros do olhar; com singeleza e candidez, impregnar-se das cores, linhas, superfícies, formas, luzes, complementaridades e contrastes; demorar-se tanto quanto possível sob o domínio do puro sensível” (Santaella, 2016, p. 86).

O Signo já traz consigo um potencial interpretativo que lhe é inerente, particular e abstrato, independendo da presença ou da atuação do intérprete para que ele se realize. Estas são as suas características qualitativas, ou seja, seus Quali-signos, encontrados na obra de Miguel Ángel Buonarroti, “A Criação do Sol e da Lua”.

No nível do interpretante dinâmico, referentes à Secundidade, são os Sin-signos e os efeitos que o Signo vai causar num possível intérprete, atuando quando este é colocado perante o Signo. Esses efeitos subdividem-se em três tipos, a saber: o efeito emocional, o efeito energético e o efeito lógico. Sua ocorrência acontece no momento em que o processo de interpretação é iniciado, ou seja, com a presença de um intérprete e de seus recursos intelectivos.

Efeitos interpretativos da obra “A Criação do Sol e da Lua”

A pintura finalizada tem um efeito e atuação comunicativa para que a análise semiótica possa acontecer. Assim, é importante relembrar que estamos diante de um Sin-signo, relativo à classe de pinturas em afrescos do período histórico do Alto Renascimento, elaborado por Miguel Ángel no teto, e não na parede da Capela Sistina.

O efeito emocional, como Quali-signo, refere-se às qualidades emocionais e de sentimentos que o Signo vai provocar no intérprete através de seus elementos visuais e compositivos.

Dando prosseguimento à analise semiótica, percebemos como o Signo atua agora num outro nível, o do interpretante dinâmico energético, referindo-se à energia da ação contida no mesmo, elaborada de uma forma sutil por Miguel Ángel Buonarroti, e gerando uma certa reação no intérprete, que pode ser tanto física quanto afetiva, provocando um esforço intelectual do mesmo, como um convite a entrar na imagem.

Assim, o efeito energético, refere-se à energia da ação, ao Sin-signo. Destacando: Deus continua a criar o mundo; agora executando a criação do Sol e da Lua.

Nesta obra, o Sin-signo vai sugerir vários indícios que podem ser analisados nos mais diferentes aspectos. Sutilmente, Miguel Ángel Buonarroti transfere alguns de seus sentimentos para a sua obra, onde traços faciais da figura principal, representante de Deus, parece ser porta voz de sentimentos e atitudes repletos de fúria, pois seu rosto aparece endurecido e severo.

Outra comunicação subjetiva presente nesta obra, são as duas figuras representativas de Deus que aparecem em dois momentos, na mesma imagem. A maior, representando Deus em pleno poder de sua criação, com a face austera. E, a segunda, em tamanho menor e descentralizado, dando a entender que, ao terminar sua obra, Deus vira-se de costas e parte, deixando duas partes íntimas desnudas.

As duas figuras poderiam estar expressando atitudes que o próprio Miguel Ángel Buonarroti gostaria de ter, pois sua relação com o Papa Julio II estava cada dia mais complicada. Tudo que Miguel Ángel Buonarroti gostaria era terminar sua obra na Capela Sistina, e partir.

O efeito lógico, o Legi-signo, refere-se ao Símbolo e seu poder de representação dos Signos. Neste efeito, o Símbolo adquire uma nova configuração na mente do intérprete. Agora, ele vai precisar generalizar, transformando e configurando o Signo em classes mais gerais. Neste nível, não são mais só as qualidades e os indícios que importam, mas a busca pelo simbólico em classes mais gerais.

O símbolo também se refere aos elementos culturais, às convenções da época que a pintura incorpora. Sem dúvida, é preciso lembrar que os elementos culturais e as convenções só funcionam simbolicamente para um interpretante. Dependendo do tipo de intérprete, dependendo especialmente do repertorio cultural que o intérprete internalizou, alguns significados simbólicos se atualizarão, outros não (Santaella, 2016, p. 93).

Nesta obra, é importante considerar que se trata de um afresco com características e moldes pictóricos relativos ao Alto Renascimento, onde Miguel Ángel Buonarroti foi seu grande mestre, e o representa magistralmente. Assim, ao pintar esta obra, traços gestuais singulares o individualizam, tornando sua pintura única, plena de conteúdos cromáticos e expressivos, que acabam por caracterizá-la, tornando-a completamente diferente de outra, mesmo que o artista siga os mesmos parâmetros de uma obra renascentista.

O interpretante final e seu efeito lógico acabam por ficar em aberto, pois ele refere-se a um devir, a todo tipo de interpretação que ainda está por vir, ligado ao futuro.

Neste nível, o Signo é interpretado seguindo as direções de uma regra onde o intérprete já possui alguma compreensão, ou seja, já processou intelectualmente. Tem a ver com a sua experiência cultural, com seus conhecimentos de História da Arte e conhecimentos da Gênese. No nível do interpretante lógico, esta obra foi criada para ser vista e pensada em sua relação com o Clero, com a Igreja Católica e com os conceitos religiosos da época em que foi elaborada: o Alto Renascimento.

Miguel Ángel Buonarroti, La Creación del Sol y de la Luna. Capilla Sixtina, 1508-1512. Fuente: Colección Hoja-Grande Maestros de la Pintura, v. 9 pp. 68-69.

Conclusão

Ao deter-se perante a imagem, produzida num contexto terapêutico, é necessário observar, com especial atenção, os elementos subjetivos nela contidos. Somente assim, esses conteúdos manifestam-se, tornando-se perceptíveis ao olhar atento, tanto do paciente como do arteterapeuta.

Como proposta, a Psicoterapia aproxima-se cada vez mais dessa expressão milenar e tão comum ao ser humano, que é a Arte. E, através dela, a imagem apresenta-se, com o passar dos tempos, como uma narrativa viva da história da subjetividade humana, não representando somente o social que ela contém, mas o artista que a retrata e que, logo depois, passa a ser o observador dela.

Assim, tanto os terapeutas como os pacientes podem usar, como indícios, linguagens da Arte retratadas em suas criações, através das cores, das linhas, dos movimentos, dos contrastes, do ritmo, do claro e escuro, e etc., buscando pistas a serem seguidas, para, finalmente, encontrar nas imagens seus conteúdos simbólicos.

Há que chegar, então, a conclusão de que a arte, mesmo que sofra a influência daquele que a produz e daquele que a circunda, constitue, apesar de todo, um mundo a parte; e este mundo tem leis próprias às que obedece: são irredutíveis. No concerto das manifestações humanas a arte á como um instrumento que não se pode separar dos demais; apesar de tudo, tem seu papel próprio na orquestra: não só tem a partitura que o corresponde, senão também seus efeitos. Ainda mais: tem sua estrutura original; obedece a suas regras autônomas (Huyche, 1986, pp. 23-24).

Bibliografía

Faria, Eveline Pereira Carrano de (2019). Estudio sobre el arte aplicado al ámbito psicoterapéutico: la subjetividad a través de las imágenes. Tese de Doutorado em Psicologia. Universidad Del Salvador (USAL).

Huyghe, R. (1986). El Poder de la magen. San Paulo: Martins Fontes.

Santaella, L. (2016). Semiótica Aplicada. São Paulo: Thomson Learning.

* Doctora en Psicología Clínica (USAL-AR). Psicóloga (CRP 05/8017). Arteterapeuta (AARJ/10). Arte Educadora. Posgrado con especialización en Psicoterapia Junguiana y el Imaginario (PUC-RJ), Terapia de Familia (AVM-RJ) y Arteterapia en la Salud y la Educación (UNIRIO). Curso de maestría en el área de Psicología Social y de la Personalidad (FGV-RJ).

Cómo citar este artículo:

Carrano, E. (2019). Arteterapia: ampliando o olhar para a arte, através da análise semiótica da imagem. Arteterapia. Proceso Creativo y Transformación, 5. Recuperado de: https://arteterapiarevista.ar/arteterapia-ampl…iotica-da-imagem/